Eu estava tentando compreender um executivo em sua dificuldade para colocar bordas na sua equipe, quando percebi quão rico poderia ser, compartilhar com ele uma sessão que conduzi como psicanalista.

Certo dia, uma mãe chegou com a queixa de que seu filho de 12 anos estava extremamente agressivo com ela.

Pedi para que me contasse sua experiência como mãe, desde o nascimento deste filho.

Sem poder expressar qualquer feição de espanto para não constrangê-la, a ouvi dizendo: “Giovana, eu tenho o maior orgulho de lhe falar que nunca deixei meu filho cair no chão até os seus 7 anos de idade!”

Certa de que a criança não tinha nenhum problema motor, aquela simples frase me trouxe significados avassaladores.

Número um: quem estava na condução daquela relação? Exatamente! A criança!

Se ela resolvesse correr para uma direção, sua mãe o acompanhava rapidamente. Mudando de direção, ei-la correndo nesta nova direção, para evitar que seu filho caísse no chão. Fato: ele a conduzia.

Número dois: Qual seria o desfecho desta criança ao chão? Imaginei a ideia fantasiosa de uma criança: desintegrar-se.

Número três: Se outras crianças, ao caírem, levantavam-se, seu filho não seria capaz de fazê-lo. Logo, estava formalmente registrado para seu filho que ele, diferente de qualquer outra criança, era muito mais fraco, frágil e incapaz de se levantar numa queda.

And the last, but not the least, diante de qualquer revés, de quem era a total e completa culpa? Elementar meu caro Whatson: a mãe!

Então, chegamos aos 12 anos deste menino que, já sem a companhia implacável de sua protetora, inevitavelmente se machucava física e emocionalmente e a culpava sem hesitar!

Assim também nosso executivo fazia.

No desejo de ser aceito e de proteger sua equipe dos erros naturais do processo de crescimento, ele a infantilizava.

Às vezes, é necessário deixar cair, e emocionalmente se machucar.

Sim, com a consciência de um pai amoroso e educador.

Você orienta, avisa dos perigos, esclarece as consequências e ainda assim sua equipe cai?

Quedas calculadas em seu risco e gravidade, são educadoras!

Deixa ralar!

Ralados pela vida, lembramos na cicatriz o cuidado que não tivemos. Então, não infantilize sua equipe, porque senão, ao cair, ela ainda vai te culpar!